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Nutrientes nos ecossistemas marinhos – A base da cadeia trófica

Os nutrientes são uma parte essencial de toda cadeia alimentar. Cada organismo no planeta precisa se nutrir para acumular aminoácidos, proteínas, enzimas, etc. É necessário manter a integridade de cada célula.

No oceano, existem três nutrientes inorgânicos principais, que são importantes para a produção primária marinha, mas também com uma oferta limitada: nitrato, fosfato e silicato. O fitoplâncton (algas microscópicas) absorvem esses nutrientes e os utilizam para produzir biomassa, o que conhecemos como produção primária, pois é a base da cadeia alimentar. Esta biomassa pode então ser transferida adiante para níveis tróficos superiores, como o zooplâncton (por exemplo, copépodes) e, assim por diante, para peixes, aves e mamíferos marinhos. Assim, é possível fazer suposições sobre a produtividade e o status de um ecossistema marinho apenas observando a disponibilidade de nutrientes.

Produção de alimentos no oceano e a bomba biológica

A produção de alimentos marinhos começa quando o sol brilha na superfície do oceano. Organismos unicelulares, em sua maioria microscópicos, o fitoplâncton – as plantas dos oceanos – usam a luz do sol para fotossintetizar e crescer em um processo denominado produção primária. Eles só podem fazer isso na camada superficial do oceano iluminada pelo sol, até cerca de 100 metros. Mas também precisam de nutrientes para crescer, principalmente nitrogênio e fósforo, que podem ser escassos nas águas superficiais.

O fitoplâncton não consumido e outra matéria orgânica, como zooplâncton e peixes mortos, se decompõem nas águas superficiais, liberando nutrientes que sustentam o crescimento de novos fitoplânctons.

Parte desse material afunda para as áreas mais profundas dos oceano, fornecendo alimento para os ecossistemas do mar profundo. Carbono, nitrogênio, fósforo e outros nutrientes nesta matéria orgânica que afunda são decompostos e liberados em profundidade.

Esse processo, conhecido como bomba biológica, remove continuamente nutrientes das águas superficiais e os transfere para as profundezas do oceano. Em condições normais, os ventos e as correntes causam misturas que eventualmente trazem os nutrientes de volta às águas superficiais iluminadas pelo sol. Se isso não acontecesse, o fitoplâncton acabaria ficando completamente sem nutrientes, o que afetaria toda a cadeia alimentar do oceano.

Em alguns lugares do oceano, podemos encontrar altas concentrações de nutrientes na coluna de água, devido ao fenômeno de ressurgência (afloramento) na Corrente de Humboldt ao largo do Peru, onde a forte mistura da coluna de água leva a águas profundas ricas em nutrientes trazidas de volta à superfície inundada de luz e assim, pode ocorrer a produção primária por meio da fotossíntese.

Condições oligotróficas

Mas também existem sistemas em que a disponibilidade de nutrientes é muito baixa, por exemplo, em torno das Ilhas Canárias ou pontos na costa nordeste e norte do Brasil. Quando as condições do ambiente marinho apresentam concentrações muito baixas de nutrientes, são conhecidas como condições oligotróficas, na camada superficial do oceano. A razão disso é que estes locais estão situados em giros subtropicais, onde o sistema de vento impede a ressurgência de águas profundas ricas em nutrientes. Além disso, a alta radiação solar leva a altas temperaturas das águas superficiais e à estratificação da coluna de água. Como há menos mistura, a camada superficial inundada de luz é isolada das águas profundas ricas em nutrientes e, conseqüentemente, a camada superficial fica sem nutrientes mais “frescos”, o que por sua vez reduz sua produtividade.

Referências

Marine Conservation Society. 2021.

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Gustavo F. de Carvalho-Souza

Biólogo, PhD, Mergulhador Científico e Consultor Ambiental. Nasceu em Salvador, Bahia, Brasil. Autor de dezenas de trabalhos técnicos, artigos científicos e de divulgação. Participou e/ou Coordenou projetos de monitoramento ambiental financiados por instituições e empresas nacionais e internacionais ao longo dos últimos 15 anos. Atualmente desenvolve programas ambientais e de inovação, criando soluções sustentáveis para empresas e cidades.

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