Texto publicado na edição nº 219 da Revista Ciência Hoje das Crianças. Instituto Ciência Hoje
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Tatuagens já foram utilizadas na história para muitos fins. Para identificar grupos étnicos, para não perder de vistas escravos e foragidos da lei, para enfeitar os poderosos de alguns reinos, para afugentar os inimigos. Hoje, tatuar-se é uma opção de marcar o corpo com desenhos ou inscrições de significado especial para quem tem. Mas, além dos humanos, outros animais usam tatuagem, por quê?
Se você está visualizando aquele sapo supermoderno, com uma mosca graúda desenhada na sua patinha esquerda, pode cortar as asinhas da sua imaginação. As tatuagens nos bichos têm propósito científico. Elas servem para identificar algumas espécies e monitorá-las. Quem faz esse tipo de tatuagem é o especialista em ecologia de animais silvestres, e de uma maneira bem diferente da tatuagem aplicada em pessoas.
Os cientistas resolveram tatuar alguns bichos porque, diferentemente dos humanos, eles não apresentam diferenças marcantes, como traços do rosto, altura, olhos e cabelos, que os identifiquem. Para não fazer uma enorme confusão entre os indivíduos, os pesquisadores precisam reconhecer cada um para entender como estes animais vivem, de deslocam, crescem e interagem com outros bichos.
Daí a importância da chamada “tatuagem animal”, uma técnica adaptada da criação de peixes nos Estados Unidos, conhecida na ciência pelo pomposo nome de “implante visível de elastômero fluorescente”. Esse procedimento consiste no uso de um plástico que degrada com o tempo chamado de polímero fluorescente. O plástico é implantado por baixo da pele do animal e visualizado com luz ultravioleta. Não causa interferências ou prejuízos no crescimento e comportamento dos animais e nem chama a atenção dos predadores. O plástico é usado em diversas cores – laranja, vermelho, verde ou amarelo -, que podem ser combinadas e colocadas em locais diferentes no corpo do animal.
No Brasil, a “tatuagem animal” é utilizada para identificar espécies de peixes, sapos, lagartos, pererecas, serpentes, caranguejos, entre outros. Os animais podem ser marcados em todas as fases de vida: de larva a filhote; de jovem a adulto. A marcação dura entre dois meses até um ano e meio. Quando os animais marcados são encontrados de novo, eles recebem uma nova tatuagem.
Os experimentos feitos em laboratório e em ambiente natural pelos pesquisadores brasileiros apresentam resultados fantásticos para a utilização dessa técnica. Muitas informações novas para a ciência sobre o comportamento das espécies e seus modos de vida são descobertas por meio dela. Essa tatuagem é mesmo animal!
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Referência
.de Carvalho Souza, G.F., Browne-Ribeiro, H.C. & Tinôco, M.S. 2010. Por que os cientistas usam tatuagens para identificar os animais? CHC, 219
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